DJ Alok transforma palco em manifesto pela arte humana: “os humanos não podem ser substituídos”

DJ brasileiro fala sobre limites da inteligência artificial

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Depois de brilhar no Coachella com uma apresentação histórica, o DJ Alok atravessa uma fase de profunda reflexão. Aos 33 anos, ele coloca em pauta um dilema que vai além da música: como manter a essência humana da arte diante da ascensão da inteligência artificial.

A inquietação não é recente, mas ganhou força à medida que o avanço tecnológico passou a desafiar até a criatividade. “A gente é condicionado a pensar que o sucesso é definido por bens materiais, popularidade… No momento que tinha tudo isso, senti um vazio existencial enorme, não tinha mais sentido a vida e fui em busca de um”, revelou o artista. Essa busca pessoal o levou a repensar sua trajetória e propósito.

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Entre as principais preocupações de Alok está o ritmo desenfreado com que a inteligência artificial vem sendo adotada. Ele defende um uso responsável da tecnologia.

Com esse pensamento, o DJ criou o lema “Keep Art Human” — ou “mantenha a arte humana”. Em sua visão, preservar o toque humano na criação artística é um ato de resistência em tempos de algoritmos que produzem músicas, imagens e textos.

Para ele, a questão vai além da tecnologia em si. É sobre lembrar o valor da alma humana na arte. “Precisamos estar conectados neste momento de transformação e entender que, sim, a tecnologia nos beneficia de muitas formas, mas também de que os humanos não podem ser substituídos”, afirmou.

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Alok afirma usar inteligência artificial em seus trabalhos, mas observa que a linha entre o real e o sintético se tornou tênue. “Há um ano todo mundo estava animado para usar, superou as nossas expectativas, as pessoas não sabem mais diferenciar o que é real”, destacou.

Pai de Ravi, de 5 anos, e Raika, de 4, ele reflete sobre o mundo que deixará para os filhos e sobre os filhos que está criando para o mundo.  Essa visão tem influenciado suas ações fora dos palcos.

Entre os projetos que lidera estão o Instituto Alok e o Floresta Áurea, dedicado ao reflorestamento de áreas degradadas em diversas partes do país.

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A filosofia por trás dessas iniciativas ganha forma no espetáculo “ÁUREA”, que será apresentado neste sábado (28) na Arena Mercado Livre Pacaembu, em São Paulo. A performance vai além da música e se propõe a ser um manifesto artístico, visual e espiritual. O show conta com estrutura grandiosa. A apresentação será exibida no Multishow e Globoplay.

A turnê conta ainda com participação especial de Gilberto Gil, com quem Alok trabalha em um EP com músicas da MPB previsto para julho. Outro momento marcante do show é o bloco “Futuro Ancestral”, que une cultura indígena, música eletrônica e tecnologia.

Cada cidade que recebe o espetáculo também participa do projeto Floresta Áurea. Em São Paulo, a ação prevê o plantio de mudas da Mata Atlântica. Já foram mais de 300 mil árvores plantadas no Brasil, com uso de drones para alcançar áreas remotas.

Apesar da forte ligação com causas ambientais e indígenas, Alok evita se colocar como porta-voz. “Eu não me vejo como porta-voz, de forma alguma, porque eles já têm a voz. Eu me vejo como uma pessoa que potencializa as vozes deles como uma plataforma.”

Num mundo em que a tecnologia avança em ritmo acelerado, o artista busca preservar a humanidade como ponto central da criação. Em suas palavras e em suas ações, Alok mostra que, para ele, arte é — e deve continuar sendo — profundamente humana.

Escrito por

VANESSA B

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