Turistas são alvo de fraudes na orla do Rio: polícia investiga golpes com maquininhas adulteradas

Copacabana e Ipanema são pontos críticos

ANÚNCIOS

A Delegacia Especial de Atendimento ao Turismo (Deat) deflagrou, nesta quarta-feira (18), uma operação para combater fraudes que vêm lesando turistas nas praias da Zona Sul do Rio. O foco principal são comerciantes e ambulantes acusados de manipular maquininhas de cartão para cobrar valores abusivos por produtos simples.

Durante a ação, realizada com apoio do 23º BPM (Leblon), treze pessoas foram detidas na Praia de Ipanema. Todas passaram por identificação na sede da delegacia e foram liberadas em seguida. Os equipamentos utilizados nos golpes foram apreendidos.

ANÚNCIOS

A polícia chegou aos suspeitos após monitoramento com drones e análise de boletins de ocorrência feitos por vítimas, que relatam cobranças muito acima do valor real.

Os suspeitos ficaram surpresos com a nossa chegada. Eles não esperavam essa ação”, disse a delegada Patrícia Alemany, responsável pela investigação.

As denúncias revelam uma série de absurdos: clientes sendo cobrados R$ 20 mil por uma caipirinha, R$ 3 mil por um biscoito Globo, R$ 1 mil por um queijo coalho e até R$ 22 mil por uma simples garrafa de água.

ANÚNCIOS

Segundo a delegada, muitos turistas só percebem o golpe quando já retornaram ao hotel, sem chances de reversão imediata. “Muitos turistas têm nos relatado que, quando vão comprar comida ou bebida na praia, os valores são adulterados”, relatou Patrícia. “São prejuízos significativos.”

A próxima etapa da investigação envolve o reconhecimento dos autores pelas vítimas e a solicitação de quebra de sigilo das maquininhas, para rastrear os beneficiários das transações.

Os criminosos, segundo a delegada, costumam arranhar ou embaçar a tela do dispositivo de pagamento para dificultar a leitura do valor final. A prática atinge principalmente estrangeiros, que não dominam o idioma e demoram a perceber a transação em seus extratos.

ANÚNCIOS

Os estrangeiros acabam sendo enganados, até porque têm dificuldade com a nossa moeda. Eles também não recebem a comunicação imediata do banco sobre transações atípicas”, explicou.

Os trechos mais visados pelos golpistas, de acordo com a polícia, estão entre os postos 8 e 9 de Ipanema e entre a Avenida Princesa Isabel e o Posto 3, em Copacabana — áreas de maior circulação de turistas.

A delegada faz um alerta: “Não podemos criminalizar o trabalhador, mas, infelizmente, acaba tendo muito bandido misturado. Se não der para ver o que está no visor da maquininha, recuse a forma de pagamento por cartão e prefira dinheiro vivo.”

O número de golpes contra visitantes vem crescendo. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), obtidos via Lei de Acesso à Informação, mostram que, em 2024, foram registrados 345 casos de estelionato contra turistas, um aumento de 43% em relação ao ano anterior.

Entre essas ocorrências, 191 envolvem fraudes com cartão de crédito — alta de 169% em comparação com 2023. Ainda assim, segundo a delegada, o crime mais comum continua sendo o furto simples, como celulares levados enquanto a vítima está no mar.

Mais de 60% dos crimes registrados pela Deat são de furto sem violência na praia, em que o gringo vai mergulhar, deixa a mochila na areia e levam seu celular, por exemplo. Esse é nosso crime típico”, explicou Patrícia. “O estelionato vem crescendo por conta do aumento de turistas estrangeiros na cidade, mas, proporcionalmente, continua baixo.”

No último dia 8, um vendedor de milho foi preso em Copacabana por cobrar R$ 300 de um casal da República Dominicana por dois milhos. Já na quarta-feira, dois taxistas foram detidos por usar dispositivos ilegais que aceleravam o taxímetro, inflando o valor da corrida.

A Deat informou que outras investigações estão em curso para identificar motoristas e ambulantes envolvidos nesse tipo de crime, que prejudica diretamente a imagem do Rio de Janeiro como destino turístico.

Escrito por

VANESSA B

Escreve de tudo um pouco: notícias do dia, curiosidades, ciências... basta ter um bom café pra animar a prosa.