7 empreendedoras da periferia se juntaram para combater crise

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Cada uma das mulheres possui a sua própria marca, e produz e vende os seus produtos em feiras e em eventos pela cidade. Para resolver a questão das compras online, elas marcavam encontros com as clientes em linhas do metrô para a entrega. Para elas parecia algo totalmente impossível ter uma loja em um local que é considerado um cartão postal da cidade, a famosa Avenida Paulista. O local estava muito distante para estas empreendedoras de origem periférica e que não tinham muito para arriscar fazendo investimentos. Isso sem contar o fator do medo da crise.

Juntas elas estão mantendo há sete meses a loja colaborativa Evelyn Daisy, localizada na rua Itapeva que faz travessa com a Paulista. O nome da loja é o nome da articuladora do grupo, que gastou 2 mil reais em uma reforma para que em um único espaço ela pudesse reunir o trabalho de todas ao mesmo tempo.

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Elas seguem os princípios da Economia Solidária. Este conceito e prática foi inventado por operários no início do século 20. Neste conceito é negado a separação entre o trabalho e a produção dos produtos. O maior especialista sobre este assunto no país era o economista Paul Singer (1932-2018). Ele valida o entusiasmo das empreendedoras: “a Economia Solidária cresce em função das crises sociais”, escreveu. Trocando em miúdos, o “compre de quem faz” tem tudo a ver com a “união faz a força”.

Esta proposta de comercialização mais humana deu margem para que Evelyn ir além de seus produtos e contar para os seus clientes a respeito da história de seu grupo e da trajetória das mulheres que dele fazem parte: “Dividimos o aluguel, os riscos e, claro, nossas vivências. Porque para as empreendedoras que estão aqui, o negócio tem a ver com a necessidade de suprir sua família, fomentar uma comunidade e se realizar enquanto cidadã”

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A artesã Andrea Ramos de 44 anos conta que sua ideia de vender bonecas negras veio de um presente inesperado. Ela conta que ganhou uma boneca negra de um namorado, e percebeu que passou toda a sua infância brincando com bonecas loiras e de olhos azuis. Ela revelou que depois de refletir a respeito da situação percebeu que também poderia tornar uma possibilidade para que outras crianças negras também pudessem brincar com bonecas negras. Ela conta que trabalhar com a Negafulô, sua marca, foi uma questão tanto pessoal quanto social quanto a sua identidade.

A empreendedora Marina Tavares de 34 anos contou que sua marca no entanto surgiu após a morte de sua mãe. Ela diz que precisava de uma maior distração para sua vida devido a tristeza, e que foi assim que ela começou a produzir os seus colares, brincos e pulseiras de nylon e algodão cru estilizadas com nós de marinheiro. Ela que é mãe solo, sempre trabalhou em shoppings. Mas começou a se questionar a respeito de se matar trabalhando para manter seus patrões cada vez mais ricos. E foi assim que o passatempo de Marina acabou virando sua principal atividade.

Além delas estão na lista de mulheres que fazem parte da loja colaborativa Silvia Solange de 51 anos de idade, Andréia Cândido de 46 anos, Neide Salles de 49 anos, Marisa Brito de 52 anos, as irmãs Marisa e Elvira Brito de 52 e 57 anos, Ana Claudia Silva de 34 anos. Todas estas são as mulheres que fazem parte desta loja colaborativa, onde algumas acabaram tornando seus hobbies como profissão e acabaram mudando suas vidas usando do artesanato feito por elas, e em muito mais que um emprego, como o fato da representatividade que por exemplo as bonecas negras podem trazer para a vida de crianças negras tão acostumadas a brincarem com bonecas loiras e olhos claros.

Escrito por

Pedro Henrique

Amo escrever sobre todo o tipo de assunto, notícias e atualidades são minha paixão.